Lajes pintadas, livro de estreia de Jakenia Nascimento, traz a morte e a vida como temas centrais, perpassando camadas de nostalgia voltadas à infância e à cidade do interior do Rio Grande do Norte, Lajes Pintadas, em que a poeta cresceu e viveu boa parte de sua vida.
A autora explora um universo imagético rico em detalhes: a receita de pirulito caseiro herdada da mãe, o açude da cidade onde cresceu, o grão batido, a terra molhada, a chegada de um pequeno planeta – seu filho – um pouco antes da partida de sua mãe. Aqui, o eu poético se entrelaça com a poeta, vida e obra propositalmente se misturam e dançam juntas.
Jakenia traz referências diretas às obras de Eliana Alves Cruz (Água de barrela) e Clarice Lispector (A hora da estrela) e Aline Bei (Pequena coreografia do adeus) em três poemas, além de duas epígrafes que abordam o luto de uma filha e o nascimento de uma criança, de Maria de Lourdes Hortas (Romaria) e Lucia Forghieri (Flor de asfalto), respectivamente.
O prefácio é assinado por Anna Clara De Vitto, a orelha, por Silvia Barros, e a quarta capa, por Thainá Carvalho. A arte de capa é produzida por Caroline Silva a partir de uma pintura da artista plástica Maria Alice (integrante do coletivo Surto Criativo), feita em técnica de pontilhismo com aquarela.
Lajes pintadas é um testemunho benfazejo sobre a possibilidade da cor, sem melindrar nenhum matiz (Anna Clara De Vitto).
Em Lajes pintadas, encontramos um lugar muito próprio. Um pouso para os olhos e o coração, enquanto a vida se desenrola nos cantos, nas pedras, nas ruas. Há delicadeza, há tristeza, há despertar. E, principalmente, há memória “fiel até depois da morte” (Thainá Carvalho).
A obra de uma mulher, segundo Silvia Barros, gera uma expectativa de uma escrita de mulher, justamente porque se espera frustrá-la e encontrar nesses versos o fundo de humanidade – e uma humanidade frequentemente massacrada por outras humanidades que se colocam neste mundo como soberanas – que nos iguala e nos conecta. O que faz de Lajes pintadas um portal de expectativas do que é ser mulher.
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Jakenia Nascimento é Psicóloga, Gestalt-terapeuta, atriz amadora – como costuma se intitular – e mãe do Lucas Pietro. Nordestina, nascida no Rio Grande do Norte, apaixonou-se pelo universo literário na primeira infância. Encontrou na poesia o seu altar da espiritualidade e seu ofício psicoterapêutico. A partir desse lugar de cura processual, a poesia é seu desvio dos precipícios.
Lajes pintadas
Jakenia Nascimento