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Foto do escritorCarolina Lemos

"Não sou capaz de opinar" – resenha capítulo 5



hooks, bell. Teoria feminista: da margem ao centro. São Paulo: Perspectiva, 2019 (1984). Tradução de Rainer Patriota.


bell hooks, separou um capítulo exclusivo para discutir a participação dos homens no movimento feminista, dizendo que sentimentos de hostilidade em relação aos homens alienaram muitas mulheres pobres e não brancas do movimento feminista porque muitas delas têm mais em comum com os homens de seu grupo racial e de classe do que com as mulheres branca burguesas. O antagonismo já existente entre homens e mulheres é potencializado, segundo a autora, quando os homens são excluídos da construção de solidariedade política, e a consequência disso é a intensificação do sexismo. 


O argumento usado para retirá-los do movimento é de que o ódio masculino contra a mulher nunca irá mudar. Mas essa atitude de oposição aos homens possui uma perspectiva reacionária, pois sugere que a opressão sexista é insuperável. 

A proposta de separatismo sexual como meta final do movimento feminista rechaça os grupos mistos por receio da predominância da arrogância masculina. Mas o separatismo ajudou a marginalizar a luta feminista, fazendo-o parecer mais uma solução pessoal para problemas individuais do que um movimento político que busca transformar a sociedade como um todo. Para hooks, chegou a hora das mulheres desenvolverem estratégias para incluir os homens na luta contra o sexismo. O sexismo impacta negativamente a formação masculina, no entanto, a opressão dos homens sobre as mulheres não pode ser desculpada pelo fato de que eles também se ressentem da rígida divisão sexual de papéis sociais. As realidades, na compreensão de hooks, coexistem. A autora afirma que o papel do homem pobre, não branco, no sistema é de manutenção desse sistema e que dentro da estrutura de poder da classe masculina ele possui pouco ou nenhum benefício, pois, na verdade, quem usufrui dos privilégios é o dirigente (homem branco burguês) que promove o abuso sexista contra as mulheres. 


O homem que ignora o movimento feminista opta por permanecer opressor e oprimido.

A ideologia sexista, no entendimento de hooks, implementa uma lavagem cerebral nos homens a fim de que eles acreditem que a violência contra as mulheres é algo que os beneficia, embora não seja verdadeiro. Eles também precisam desaprender a educação sexista, nesse sentido o feminismo é politicamente relevante para as massas de mulheres, uma vez que interagem com os homens diariamente.


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Carolina Lemos, geógrafa interessada na geopolítica das mulheres, tem 26 anos e estuda estratégias de organização e resistência social de mulheres no território em rede. Sapatão, suburbana e artesã, faz da leitura e da escrita um verdadeiro ato político.

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